19 julho 2009

parabéns, Ronaldo, amigo, na via...

trecho de A via excêntrica de Ronaldo Ferrito, contemplado com a bolsa da Fundação Biblioteca Nacional para obras em fase de conclusão

"Passemos do caminho à obra, ou da espiritualidade à poética, pois facilmente notamos de há muito serem aqui, na linguagem, o mesmo. As obras de linguagem enquanto caminho possuem em sua liturgia o que permite sua constante atualização. No entanto, o que compreende as possíveis atualizações é algo que por primeiro se deu e continua a vigorar na totalidade do destino que é e permite ser a obra. Nova e obstinadamente, chamamos esse obrar de Realização. Essa é o trânsito imperioso ao qual nos apela e nos exige toda obra: tornar-se real. Momento também de experienciação da sua liminaridade, de um passamento (morte) em reversão: do invisível para o visível, da potência para o ato. Entendamos, pois, que nesse trânsito não se trata de proscrever do real a potência de obra, senão justamente trazê-la à completude e à unidade na sua passagem para o campo das concreções. Entendemos aqui que realizar guarda a ação de uma passagem e de uma permanência das obras para constituir um atributo impreterível e existente em tudo que é real: a ubiqüidade. Ou seja, estar ao mesmo tempo nos dois âmbitos que encerram o total da realidade: ser simultaneamente a potência e o ato de si mesmo, ou simplesmente ser e não-ser. Aqui, uma diferenciação entre realizar e atualizar: esta só é possível após aquela, a realização é o momento inaugural da constituição litúrgica da obra e as atualizações se dão a partir desse mínimo concreto que estabelece a sua liturgia."


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