20 outubro 2010

prefácio de Nelson de Oliveira ao meu livro "Mas para todos os efeitos, nada disso aconteceu"

Aconteceu ou não?

Seu Túlio, Zulmira, Alberto e o performer — os anti-heróis desta coletânea Catadora — procuram a verdade. Nisso, se parecem com os escritores e os místicos.

Toda ficção tem muito da religião. Toda religião tem muito da ficção. As duas, quando saem em busca da verdadeira Verdade, se estrepam. Só se dão bem quando encontram, meio sem querer, esse tesouro démodé chamado felicidade.

Os protagonistas desta coletânea — Seu Túlio, Zulmira, Alberto e o performer — procuravam a verdade e encontraram a felicidade. Simples assim: serendipidade.

Eu sei, depois que tiver lido os contos você vai discordar de mim. Você vai olhar desconfiado e cobrar: “Porra, cadê a felicidade?”

Antes que se sinta enganado, vou logo explicando que, para uso próprio, faz tempo que mudei a definição de felicidade. Em vez de satisfação, contentamento e bem-estar, fiquei apenas com equilíbrio.

Seu Túlio, Zulmira, Alberto e o performer encontraram — sabe onde? no delírio líquido, no acaso objetivo e na arte corporal — o equilíbrio que boa parte da humanidade jamais experimentou.

Apesar do que andam dizendo por aí, aconteceu mesmo. Eles encontraram, meio sem querer, não a felicidade da epifania, mas a do estranhamento.

Felicidade bizarra, louca. A única possível nos dias de hoje.

Um comentário:

Karinna Alves Gulias disse...

Oi Victor,

Adorei o prefácio. Aliás, me deixou ainda mais ansiosa para ler o seu livro.

Beijos

Karinna