16 dezembro 2011

Raimundo Carrero

Um menino. Este menino de idade incerta, vestido de preto, o eterno chapéu na cabeça, vestido sem graça, grotesco, as botas sujas, que já definiu o riso, entre irônico e entediado: “Todo riso vem de um mal-entendido. Se se olha as coisas como se deve olhá-las, nada há de risível debaixo do sol.” Ou que percebe a humanidade como “formas semelhantes às nossas, horrorosamente multiplicadas”. Ainda mais: olha para Sue admirando as flores e lateja um discurso medíocre mas cheio de desesperança: “Papai e mamãe, tenho muita, muita pena. Mas, por favor, não fiquem aborrecidos com isso! Gostaria muito das flores, muito mesmo, se não ficasse todo o tempo pensando que dentro de alguns dias elas estarão todas murchas!”

Trecho do conto "O pequeno pai do tempo", releitura de Carrero de "Judas, o obscuro", de Thomas Hardy

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