14 abril 2007

Lá no jardim de infância, junto a outros corpos articulados de brinquedos, minha lembrança precisa, circular ao mundo, e o mundo só mundo por caber no mundo, todos nós batíamos nas mesas, juntos, cada vez mais fundo, os sons só sons por não saírem de círculos, toda nota gerando-se e terminando em si, e qualquer mesa soar de fora para dentro do mundo, batíamos até que no centro desse círculo surgisse um quadrado, que ardesse nossa atenção em suas linhas embaçadas, da mesma água que o círculo...

Tanto quanto o círculo, o quadrado não significa nada. Mas naquele momento tudo estava tão contido naquele quadrado, e batíamos tanto nas mesas, e cada vez mais fundo, que ele se estendia para tão além do círculo, que de lá chegava até aqui, ao ponto de fazer parecerem reais essas palavras no seu ouvido, público, e fazer parecer real seu ouvido, público, e justificar o uso dessas palavras no passado...

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